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sexta-feira, 22 de maio de 2015

Vamos limitar nossa intolerância?

Uma conversa com amigos e um link enviado por um deles me levou a refletir, esses dias, sobre como estamos nos tornando cada dia mais intolerantes e obcecados pelos conceitos de privacidade e individualidade. Vou explicar melhor...

Éramos 5 pessoas conversando sobre um assunto específico quando, sem ter porque, o tema 'grupos do whatsapp' entrou em debate. De repente todos reclamavam de como certas pessoas são inconvenientes, enviando mensagens fora do horário comercial, entulhando os grupos com lixo ou publicações que não condiziam com o tema do grupo. Estávamos realmente bravos com isso tudo. Sabe aquele sentimento de privacidade invadida? Então, era tipo assim... "Ah, quando eu vi tal publicação, chamei a pessoa na grande e disse umas verdades..." E todos concordavam, é, muito chato mesmo isso... Há que se ter limite... Sim, assentimos todos, há que se ter limite.

Dias depois um dos amigos me mandou um link para um texto muito esclarecedor: "13 coisas que você nunca deve fazer em grupos de whatsapp.' ´Pronto, ler esse texto foi o suficiente pra me fazer reavaliar todo o meu comportamento diante do mundo e entender o quanto estamos nos tornando, cada dia, mais intolerantes e mal-humorados, em defesa dessa tal de "privacidade".

Sim, eu sou extremamente autoreflexiva e tenho essa mania quase obsessiva de avaliar as minhas atitudes quando encontro no outro uma atitude que não me agrada. E que susto tomei eu descobrir o quanto tenho sido pouco Cristã por toda a minha vida.

Tá certo, há que se ter limites... Mas, vamos começar a limitar os limites também, senão acabaremos, todos, nos tornando ilhas humanas. Há que, antes de tudo, se impor limites a nossa intolerância. Comecei a analisar especificamente o caso do whatsapp. Por que me irritam tanto as mensagens fora de contexto de certos colegas? Em que elas me ofendem ou me perturbam? Todos os meus grupos são silenciados e o meu whatsapp é programado para não fazer download automático de nada, nem imagem, nem vídeo, entram na memória do meu celular sem a minha autorização. Além do mais, eu deleto todas as mensagens e limpo todos os grupos regularmente. Já é rotina pra mim. Diante disso, qual o problema de ter amigos que enviam lixo todo dia? Me afeta em que? Me prejudica em que? Pois é, não me afeta em nada, não me prejudica em nada.

Aqui, nesse momento, cabe um reflexão um pouco mais profunda: então, porque eu me irrito e me aborreço com isso?

ALERTA VERMELHO!!!

É, assustou-me perceber que eu estava sendo, apenas, totalmente intolerante. Nunca, nenhuma vez parei para pensar nos motivos daquelas pessoas enviarem mensagens "inconvenientes". Tá, tudo bem, digamos que certas pessoas são sem noção e ponto. Mas, não seria mais cristão de minha parte utilizar aqui um pouco de empatia? E se aquilo demonstrasse uma fragilidade da pessoa? Necessidade de aceitação e aprovação, ansiedade, carência, solidão... Poxa, como me senti culpada, logo eu que vivi momentos tão difíceis de angústia e solidão estava sendo insensível e intolerante com o outro. Fiquei muito triste comigo mesma... E foi então que o alerta vermelho começou a piscar e a alarmar com mais força.

Comecei a me lembrar das vezes que coloquei o fone no ouvido pra evitar a conversa da pessoa inconveniente que havia se sentado ao meu lado no ônibus e que insistia em me contar a vida dela... Das ligações que não atendi, pra não ter que suportar as lamúrias daquela amiga que passava por um período difícil... Das desculpas que já dei pra me desvencilhar de convites de cafezinho ou lanchinho daquele amigo solitário que quando começa a falar não pára. Como tenho evitado os que estão tristes e deprimidos e, por isso, passam a ter atitudes "inconvenientes".

Quando dizem que gente feliz não incomoda, é verdade. Gente feliz não incomoda porque é egoísta demais... Gente feliz, às vezes, se perde na própria felicidade. Mas a felicidade é um presente de Deus. Presente de Sua misericórdia. Devia nos inspirar a compartilhar e dividir, já que recebemos de graça!!!

E foi assim que, um simples papo sobre whatsapp, me levou a descobrir como venho falhando com Cristo. Mas, que bom que essa conversa aconteceu, agora eu posso rever minhas atitudes, me aborrecer menos com as pessoas, me colocar no lugar delas e tentar ser mais receptiva às suas necessidades e dores, afinal eu já estive lá, já vivenciei o vazio e a solidão, já senti desespero, já chorei sozinha, por isso eu sei exatamente como ajudar: basta ser tolerante e amoroso. Acabei descobrindo porque, mesmo sem merecer, recebi de Deus a cura para as dores da minha alma: ele me quer sorrindo, sorrindo pras 'inconveniências', sorrindo pros 'excessos', sorrindo pra 'falta de noção' das pessoas que precisam apenas que eu as aceite assim, como elas são, e que precisam de meu sorriso pra aprenderem a sorrir também...

E, por fim, foi bom lembrar que, amanhã ou depois, posso ser eu, novamente, a pessoa inconveniente, que manda mensagem fora do horário comercial, que puxa conversa na fila do banco ou no assento do ônibus, que faz visita sem avisar. E tudo o que eu vou querer é receber um sorriso e um bocadinho de tolerância com a minha dor e com os meus déficits. Então, é isso que vou aprender a dar.

Jesus nos deixou um manual para uma vida em paz. E por mais que a gente leia a Palavra diariamente, por mais que a gente repita o que lê, parece que não conseguimos inseri-las no nosso agir. Mas eu quero tentar... Chega de intolerância, chega de me aborrecer por tão pouco, chega de me sentir incomodada por nada. Eu, que falo tanto em amor, preciso aprender a amar também!!!




quinta-feira, 30 de abril de 2015

O mundo precisa de mais amor!!

Ando com medo das pessoas. Sei que é triste dizer isso, mas o que eu posso fazer? Sempre fui muito observadora e, o que eu tenho observado recentemente, me assusta mais do que me alegra. Parece que a cota de amar das pessoas está se acabando. Já não vejo compaixão nos olhos de quem passa. Muitos, mas muitos mesmo, esqueceram até o significado da palavra empatia. E o próximo, a quem nós deveríamos amar como a nós mesmos, acaba se tornando um incômodo, um entrave ao nosso direito capitalista ao individualismo.

Ando com muito medo das pessoas. Tenho visto que a vida já não vale nada. Se antes se matava por um tênis, hoje as pessoas morrem, como na idade média, só por expressarem uma opinião. A vida humana está banalizada, porque as pessoas estão se perdendo do humano em si mesmos. Ninguém se espanta mais com um homicídio, ou com massacres, ou com extermínios. A morte matada começa a fazer parte da normalidade. E só serve mesmo, para manchetes de jornais sensacionalistas.

Ando com muito medo das pessoas. Percebo que a capacidade de indignação está se esvaindo delas. E quando a gente não é capaz de se indignar, seja diante de uma injustiça, seja diante de uma agressão, seja diante de uma atrocidade qualquer é que essas coisas começam a acontecer com mais frequência. A incapacidade para indignar-se gera apatia. E a apatia é uma doença muito perigosa, que tira muitas vidas ao nosso redor.

Ando com muito medo das pessoas. Cada dia elas se entregam mais facilmente ao alívio imediato das drogas, seja por total impotência diante de seus problemas, seja pela ilusão da viagem alucinante. E, quanto mais se afundam em suas próprias fraquezas, mais enfraquecem todos os laços que existiam ao seu redor. Famílias são destruídas, amigos se afastam, carreiras desmoronam. Tenho visto a escuridão envolver pessoas que antes brilhavam como o sol, mas que não resistiram ao apelo do mundo e nele caíram.

Ando com muito medo das pessoas. Chego a estremecer quando percebo a comoção que causam programas como o Big Brother Brasil, o Pânico e outras mazelas que a televisão apresenta. Me assusto ao escutar as pessoas conversando sobre novelas e concordando que “sim, bem feito que fulana matou sicrano... tomara que a mocinha consiga sua vingança... ou ah, ele é ruim e não tem caráter, mas é um gato, eu ficaria com ele.” Me entristeço ao notar que a maioria das famílias permite que uma total ausência de valores invada seus lares diuturnamente em forma de programas televisivos, contaminando crianças e jovens com conceitos distorcidos de certo e errado.

Ando com muito medo das pessoas. Os corações estão tão endurecidos que já não cabe Deus lá dentro. E um mundo sem Deus, é um mundo sem amor. E um mundo sem amor, é um mundo muito perigoso. Sem Deus, não há consolo, não há esperança, não há nada a se perder. Sem Deus o homem volta ao estado de selvageria no qual vivia há alguns mil anos atrás. Sem Deus não há respeito, nem tolerância. Vejo as pessoas fazerem piada com a dor alheia. Vejo falsos profetas (sim, eles proliferam num mundo sem amor) manipulando quantos eles conseguem alcançar na direção do ódio e da intolerância. Vejo Jesus ser crucificado novamente, todos os dias, diante da nossa arrogância e rejeição.


Ando com muita dó das pessoas. Pois elas se afastam, a cada dia mais, do amor, da compaixão, da empatia que Cristo sofreu tanto pra nos ensinar. E são esses três sentimentos, juntos, que podem salvar o mundo. Se continuarmos do jeito que estamos, sinceramente, não sei onde iremos parar... O mundo está precisando de mais amor.

terça-feira, 14 de abril de 2015

O que te move?

"O mundo está doente!"
Ouvi essa frase um dia desses, de alguém muito preocupado com a quantidade de amigos que estão com depressão. "Guida, por que será que tanta gente boa tá ficando deprimida? Será um vírus? Acho que o mundo tá doente!"

Sim, o mundo está doente... Mas a doença que assola o mundo não é viral, nem bacteriana... é espiritual!!!

Olhem ao redor... O que vocês vêem?

Eu tenho me assustado dia-dia com o que vejo quando olho ao redor... Muitas vezes me assusto comigo mesma, com minhas reações, com meus pensamentos... De certa forma, todos nós já fomos contaminados (impossível não ser). Mas a boa notícia é que há cura para a doença do mundo!!!

Então vamos lá: primeiro falemos da doença, a seguir, da cura!

O mundo tá doente, sim!! Coisificatium humanus é o nome científico que acabei de inventar pra essa doença, mas podemos chamá-la popularmente de desumanização. Isso mesmo, estamos perdendo o contato com as coisas e sentimentos que nos tornam humanos. Estamos "coisificando" o humano, virando as costas à nossa humanidade...

A cada dia que passa as pessoas se preocupam menos com as pessoas e mais com as coisas. A cada ano de nossas vidas nos dedicamos mais e mais a possuir, ter... e não damos a mínima para nos tornar alguém... Deixamos de lado nossos valores, endurecemos nossos corações... Tudo o que importa é essa corrida insana por aquisições materiais: a TV mais moderna, o melhor carro, muitas roupas e sapatos, uma casa, uma reforma na casa... Os bens materiais e de consumo passam a ser o propósito de nossa vida... E quando isso acontece, não me admira que as pessoas comecem a entrar em depressão... O materialismo é um deus muito cruel, que mata seus seguidores aos poucos, enchendo-os por fora e esvaziando-os por dentro!!!

Quando o foco de sua vida está nas coisas, você para de sonhar e passa a desejar... E o desejo material é impossível de ser totalmente satisfeito, pela simples razão de que, quando se obtém algo que se deseja, o ser humano já começa, imediatamente a desejar algo mais... A felicidade é um objeto inalcançável, quando você faz dela um objeto...

Quando o foco de sua vida está nas coisas, as pessoas param de importar. Você passa a temer a violência, mas já não se comove com a violência sofrida por aqueles que não lhe são próximos, afinal, não é da sua conta... A vida passa a ser banalizada... Paramos de nos preocupar com a causa das desigualdades sociais, passamos a simplesmente nos revoltar com seus efeitos, porque os efeitos nos atingem, enquanto as causas atingem apenas aquelas pessoas pobres com as quais não preciso me preocupar, pois não é de minha conta. Sim... o materialismo nos desumaniza... E quando a gente se perde do humano que há na gente, acaba-se por adoecer... E aí vem a depressão!!

Viver de desejos, não é viver... Nossa vida precisa de propósito!!!

Bom, vamos, então, falar da cura?

É isso, a cura é sonhar... Sonhar humanamente, olhar pros lados, olhar pra dentro, enxergar-se, mas também enxergar aos outros... Entender que mais importante do que possuir, é SER alguém, um alguém de verdade, que acha que o que acontece ao seu redor é da sua conta sim.

Tem uma pequena fábula que conta que o fazendeiro armou uma ratoeira na cozinha de sua casa. Quando o rato viu, saiu desesperado para avisar a todos na fazenda. A galinha, o boi, o porco... Mas eles todos riram e viraram as costas dizendo: uma ratoeira? Ah, isso não é da nossa conta... Só que uma noite, a esposa do fazendeiro foi pegar água na cozinha e não percebeu que a ratoeira havia pego uma cobra venenosa e acabou sendo picada pela cobra. O marido a levou ao hospital. Ela tomou o soro antiofídico e veio convalescer em casa. Para fortalecê-la, o marido matou a galinha para preparar uma canja. No entanto, todo cuidado do homem não foi suficiente, e a esposa faleceu. Vieram muitos parentes e amigos para o velório. Para alimentá-los o fazendeiro precisou matar o boi e o porco. Assim, por conta de uma ratoeira que, na opinião dos outros, só oferecia risco ao rato, todos acabaram na panela!

Essa fábula nos chama a atenção pra o individualismo que mata. Pode até não nos matar literalmente, mas oprime nossa alma.

Então, quer se curar da angústia, da depressão, do mal que o torna infeliz? Aprenda a sonhar... Sonhar é diferente de desejar. Sonhar é olhar adiante e imaginar a pessoa que você gostaria de se tornar para que o mundo fosse melhor... O que você deveria estudar e ler? O que você poderia compartilhar? O que você poderia doar de você mesmo? O que seria necessário transformar em você para que o mundo fosse transformado? Mas sonhar não é só ficar pensando nessas coisas não... Sonhar é também trabalhar para concretizar o sonho!!! E esse sonho passa a ser o seu propósito...

E não me venha dizer que o seu sonho é ter sua casa própria... Casa própria é desejo... Diz respeito unicamente a você mesmo e a interesses individuais... O sonho tem que envolver o mundo, o coletivo... Afinal, estamos todos conectados... Somos todos filhos do mesmo Pai... O que acontece a um, numa perspectiva cósmica, atinge a todos nós... É como a história da ratoeira...

A sede por poder e posse gera a desigualdade, que gera a pobreza e a miséria, que geram a violência, que gera o medo e a ansiedade nas pessoas... e assim seguimos, num ciclo destrutivo e sem fim... E assim, o mundo adoece!!!

A boa notícia é que a cura está aí, bem à mão, pra quem quiser pegar... A má notícia é que nenhum de nós pode forçar ninguém a tomar o antídoto... Então, muitos continuarão adoecendo e caindo em depressão... Mas, muito embora não possamos mudar os outros, podemos fazê-lo a nós mesmos...

Olhe ao redor... O que você pode fazer para mudar esse cenário? O que você pode fazer para melhorar a vida de alguém, uma única pessoa que seja, pois é de gota em gota que a chuva enche uma lagoa.

Jesus, que era o mais sábio entre os sábios e o mais amoroso dos homens, nos ensinou como não sucumbir à doença do mundo: "Amarás a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo." (Mateus, 22:37-39)

E agora eu te pergunto: vai se entregar à depressão ou buscar um propósito pra tua vida?

O que te move?

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Quero ver ser bom no ruim!!!

Um amigo sempre me repetia isso: "ser bom no bom, é fácil... quero ver é ser bom no ruim!" Levei um certo tempo até entender a profundidade do que ele dizia. Foi preciso que tempos ruins chegassem, foi preciso que a angústia me visitasse, que a dor fizesse morada em mim, pra que eu entendesse a sabedoria de meu amigo. Como é difícil ser bom no ruim!!!

Quem não se acorda de bom humor quando está feliz, com toda a sua vida no lugar? Quem não consegue ser gentil com aqueles que são gentis conosco? Quem não acha muito fácil amar quem nos ama? Quem não consegue orar quando tudo está certo na vida? Quem não acha simples louvar e agradecer a Deus as benesses que pairam sobre nossa vida? Ser bom em tempos de bonança é a coisa mais fácil do mundo!!!!

Mas... Sim, meus amigos, existe um mas.

Mas, como é que você trata aquele que se dirige a você com rudeza e grosseria? Como fica o teu humor, ao acordar sabendo que o dinheiro não vai dar pra pagar as contas do mês? E aquele que te distrata e te faz o mal, quanto amor você consegue dedicar a essa pessoa? Quão fácil é lembrar de dobrar os joelhos e orar a Deus, quando uma grande tormenta paira sobre a sua vida? Quem é que louva, adora e agradece a Deus quando os tempos estão difíceis e tudo está dando errado? Sim, ser bom nos momentos difíceis não é fácil não...

Normalmente, quando nosso coração e nossa alma estão em dor, temos muita dificuldade de enxergar a "luz no fim do túnel". É tendência humana se deixar tragar pela própria dor. E nesses momentos de sofrimento, geralmente, nós temos que lidar com o pior que há em nós. E lidar com aqueles sentimentos que você passa a vida tentando eliminar em você, não é legal não. Quando em dor, até a felicidade do outro incomoda... Normalmente, em tempos ruins, nós apenas conseguimos lamentar e nos afundar ainda mais na dor que vivemos... Isso quando não encontramos uma fuga fácil e transitória pra essa dor: remédios, bebidas, drogas... Quando a gente tá lá, sofrendo, doendo, a amargura tende a tomar conta do nosso coração. E um coração amargo não consegue ser bom.

No entanto, não há o que fazer, ser feliz é bom demais, viver em paz é bom demais, ser amado é bom demais, mas é inevitável, um dia, a dor pode chegar pra você. E ela pode vir de diversas maneiras: a perda de um ente querido, uma doença grave, desemprego, o fim de um relacionamento, a ingratidão de alguém, um projeto que não encontra sucesso, a rejeição de alguém a quem se quer bem... Não há como impedir uma tempestade, se ela tiver de chegar em sua vida, ela vai chegar.

O que eu entendi é que nos tempos bons é que nós temos que exercitar nossa capacidade de superar a dor. Sim, porque as tempestades vêem, mas vão embora. E é a nossa atitude diante delas que determina o tempo que as nuvens escuras irão pairar sobre a nossa vida.

Em um culto, ouvi o testemunho de uma moça, muito jovem, recém-casada, que descobriu que estava com câncer, já num elevado grau de metástase. Quando as amigas da igreja souberam, começaram a se lastimar. Ela simplesmente as repreendeu: "Ei, todo mundo vai um dia, parem com isso que eu ainda estou viva, e enquanto eu estiver viva, vou agradecer a Deus por mais um dia e vou viver enquanto posso."

Bom, não sei se vocês acreditam em milagre (eu acredito!) o caso é que a moça fez todos os tratamentos e o câncer desapareceu. Se vai voltar ou não, está nas mãos de Deus. O que eu sei é que os médicos ficaram sem entender... Mas, vejam bem, o milagre poderia não ter acontecido, às vezes Deus precisa nos dizer não. Quando ela decidiu ser boa, no momento de dor, ela não sabia o que iria acontecer. Aí é que está a beleza da atitude da moça. Quantos de nós agiria da mesma forma? Quantos de nós não teria como primeira reação questionar Deus?

Esse é um dos mais difíceis exercícios que pratico em minha vida. Tenho tentado dar o melhor de mim sempre, mas principalmente nos momentos mais difíceis. Às vezes até consigo, viu? Hoje peguei o ônibus errado e quando me dei conta de que não era o meu ônibus, ainda levei um rela do cobrador. Tive aquele primeiro ímpeto de dar´lhe uma resposta desaforada e me lembrei "vamos aprender a ser boa no ruim, gata!" Respirei fundo, a paz voltou, eu sorri e respondi: "Acontece!!! Faz parte!!!" Não perdi meu dia, não me aborreci, passei pela pequena tormenta sem maiores danos.

São aqueles dois segundos que nós temos, antes de estourarmos e maldizermos o mundo, antes de tentar por Deus à prova... são aqueles dois segundos mágicos e suficientes para nos realinhar com tudo o que Jesus nos ensina... os dois segundos que nos permitem respirar fundo e escolher ser bom o tempo todo, mesmo que pareça impossível.

Se é fácil? Tá brincando, né? É a coisa mais difícil do mundo... E com toda boa vontade, nem sempre funciona, mas se a gente não pratica assim, nas pequenas coisas, quando as grandes chegarem não estaremos prontos.

Ser bom no ruim tem que virar uma meta em nossas vidas. E é, justamente, no ruim que mais precisamos de bondade, de amor, de Deus... mas isso tudo só vem pra gente se as portas estiverem abertas. Por isso eu decidi agradecer a Deus todos os dias por tudo de bom que ele tem feito por mim, mas também por todas as provações que já passei, por todas as perdas que já sofri e que me fizeram ser a pessoa que sou, assim como por todas as provações e perdas que ainda passarei em minha vida, porque, embora eu tenha um monte de planos pra mim, sei que os de Deus são bem melhores que os meus e aceito isso com resignação e amor, muito amor!!! E que Deus me ajude a não sucumbir aos maus momentos!!!


terça-feira, 24 de março de 2015

De renovação e de fé: um testemunho

Um ano e três meses se passaram desde que parei de beber. Um marco na minha vida, dadas as transformações que se iniciaram a partir dessa simples decisão: parar de beber. Se eu pudesse ver o futuro, e tivesse antecipado tudo o que viria a seguir, talvez tivesse tomado essa decisão  mais cedo e evitado tantas dores no meu caminho... Mas as coisas acontecem da melhor maneira, no tempo de Deus... E é exatamente sobre Deus que eu vou falar hoje!!!

Há alguns anos atrás, como consequência das escolhas que fiz pra minha vida e das decepções, frustrações e mágoas que essas escolhas me trouxeram, eu entrei em crise... Nem sei exatamente onde ou quando a crise começou, só sei que de repente eu já não sabia o que queria da vida, quem eu era, pra onde eu ia... Do dia pra noite, já não tinha prazer de estar com minha família, não tinha nenhuma paciência pro meu filho... Eu só era feliz na balada!!!

Ah, a balada... Um bar, um violão, muitas cervejas e uns beijos na boca... Aí eu esquecia todo o vazio que me consumia a alma... Era o único momento do dia em que eu me sentia feliz, leve, satisfeita... Claro, a balada nos presenteia com grandes amigos... Amigos sempre dispostos a beberem mais uma cerveja com você, e, até mesmo, te levar a experimentar umas coisinhas a mais, se você quiser... Amigos "sinceros", que pagarão tua bebida quando você não tiver dinheiro... Amigos tão vazios quanto você mesmo e, por isso, a companhia perfeita para farras intermináveis...

Minha vida era uma festa... Não havia diferença entre sábado e segunda... Um violão, os melhores amigos do mundo e muitas cervejas, juntos, transformavam qualquer dia num fim de semana... E nem importava se tinha trabalho no outro dia... A gente ia direto, oras... Dormir é para os fracos... E nós? E eu? Ah, eu era uma heroína... Eu era totalmente livre... Eu bebia até cair, simplesmente porque eu queria... Eu ia pra cama com o homem que eu quisesse - afinal, o corpo é meu!!! Eu fazia tudo o que eu queria fazer... Eu era livre!!

Ok, ok... Pausa no delírio para explicar a decisão de parar de beber...

Nessa época, eu não tinha nenhuma consciência de todo o mal que eu estava fazendo a mim mesma... Apenas tinha adquirido uma visão distorcida de como me relacionar com Deus, e estava distante Dele há tanto tempo que nem me lembrava como era ter fé de verdade... Eu queria mudar de emprego, tava insatisfeita, ganhando menos do que precisava pra me manter... Decidi barganhar com o Dono do Mundo: "Deus, se você me der esse emprego que eu tanto quero, com um salário de XX reais, eu faço um enorme sacrifício pra você: eu fico seis meses sem beber. Mas esse emprego tem que vir até março, senão eu não termino de cumprir a promessa." Eu sou muito afoita, né? Afoita e tola!!!

De volta ao delírio... Pensei eu cá com meus botões: oxe, seis meses num instante passam... Eu tinha decido parar de beber no dia 2 de janeiro e voltar no dia 2 de julho. Já tinha até festa programada para o meu retorno à esbórnia... Já estava decretado, dia 2 de julho eu vou tomar tooooodddaaaaassss!!!

"O homem faz planos e Deus ri!!"

Eu não contava era com o fato de que Deus tinha planos maiores pra mim e usou a minha própria arrogância pra me fazer chegar onde Ele queria... Sim, porque Ele pode tudo, tudo, tudo... Mas ele é tão bom, delicado e educado que não nos força a nada, Ele espera a nossa decisão... Mas, claro, quando nós somos teimosos e arrogantes demais, Ele, se for de Seu querer, utiliza-se dessas nossas fraquezas pra nos dirigir ao lugar onde Ele quer que estejamos... E foi assim que Deus fez comigo.

Parei de beber (por seis meses, tá?) e comecei minha árdua penitência para ser agraciada com um favor dos céus... Em janeiro fui chamada pra fazer uma entrevista numa empresa grande, boa, mas o salário que eles ofereceram era metade daquele que eu havia acordado com Deus, fiz uma contra-proposta, mas eles não aceitaram! Passou fevereiro... Pense no sacrifício que foi brincar meu carnaval sem beber... Afe... Quase desisto!!! Descobri aí que carnaval é uma festa pra bêbados!!! Chegou março... A empresa que citei ali atrás ligou pra mim de novo. Os diretores queriam me conhecer. A diretora me fez algumas perguntas, disse que tinha gostado de mim e aceitou minha proposta: eu pago o que vc tá pedindo!! Nem acreditei. Deixei a outra empresa e vim pra empresa nova.

Aí eu já estava há três meses sem beber. Me sentindo só, angustiada, sem minha válvula de escape. Os amigos fiéis, já não ligavam, pois sabiam que eu estava "de recesso". E tudo o que eu podia fazer era dialogar com o vazio imenso que habitava em mim... Os três primeiros meses foram horríveis... Eu sentia falta da bebida e da sensação que ela me dava... Sonhava bebendo... Morria de vontade de tomar uma, uma cerveja só!!! Mas tinha lá o acordo, eu não podia quebrar... Já pensou ficar desempregada?

Bom, emprego novo, três meses apenas para voltar a beber, parecia que tudo tava no lugar que deveria estar... E eu não via a hora de ter de volta minhas noitadas...

Eu só não imaginava que minha vida pudesse mudar tanto a partir daí...

Primeira sexta-feira de trabalho novo, liga a diretora na minha sala: "Margarida, todas as sextas nós temos um culto aqui no auditório. Se você quiser participar, pode vir, viu?"

Como assim, se eu quisesse participar? rsrsrsrs... Como é que uma pessoa recém chegada na empresa vai dizer pra sua diretora "crente": vou não, gata, curto essas coisas não!!!

Tive que ir né?... Não só nessa sexta, como nas seguintes... Toda sexta eu ouvia aquelas pessoas a falarem da alegria que Jesus traz pra vida da gente... a falarem de paz, de entrega, de consolo... Tudo o que eu não tinha em minha vida havia tanto e tanto tempo... Isso me incomodava deveras... Meu vazio, se tornava ainda mais vazio...

Na balada, sem beber, sob o impacto daquelas palavras que eu escutava nas sextas, eu começava a olhar o comportamento dos meus amigos de farra e a enxergar neles a mim mesma: o comportamento vulgar, a facilidade do sexo sem sentido, sem amor, só por ser, o palavreado chulo, os excessos... O vazio dentro de mim doía só de pensar que logo logo eu estaria ali de volta... Eu decidi, então, não voltar a beber. Definitivamente, não era aquilo que eu queria pra mim. Mas eu também não aguentava mais viver com aquela raiva dentro de mim, tanta angústia, um vazio sem fim. E eu não sabia como me livrar dessa dor!!!

Numa bendita sexta-feira, após o culto, minha diretora me sentenciou... Ia ter um tal de Cursilho (eu não fazia nem idéia do que era isso, só sabia que era um encontro de crentes... Afe) e ela queria pagar a participação de duas pessoas que se dispusessem a ir... Nas entrelinhas, ela se dirigiu a mim umas duas vezes, como que indicando o desejo dela de que eu fosse... Que saco, pensei eu... Mas pra agradar a diretora, no emprego novo que eu já estava amando, decidi me oferecer... "Ah, Margarida, eu tinha certeza que você iria. Desde a primeira vez que eu lhe vi, eu soube que Deus tinha planos grandiosos pra você."

Foi só no cursilho (sim, eu mantive minha palavra e participei do cursilho, Graças a Deus) que eu entendi o verdadeiro significado das palavras de Cristina. Cristina Lins, o instrumento que Deus utilizou para me guiar no caminho que Ele queria pra mim.

Eu não posso contar a vocês o que acontece no Cursilho, mas posso dizer que lá, eu tive um grandioso encontro com Deus e comigo mesma. E Ele, em sua infinita misericórdia me perdoou por todos os meus descaminhos, me ensinou a me perdoar, pouco a pouco por todo mal que fiz a mim mesma e me mostrou uma nova maneira de caminhar. Pela primeira vez, em muito tempo eu me senti plenamente feliz (e nem tinha cerveja lá, viu?).

Sair de lá, voltar pro mundo normal, foi a coisa mais dolorosa que já fiz... Cheguei em casa irritada. Eu queria continuar vivendo aquela paz, aquela alegria que experimentei ali no Cursilho. Como fazer? Foi quando me dei conta do mover de Deus em minha vida... Como ele atuou em mim, me dirigindo, me guiando, sem eu saber... Como ele sarou todas as feridas e me fez ver que eu podia sim, ser feliz de verdade... E o recado final estava dado: "venha pra perto de mim!"

Não pensem que foi fácil... Não foi... Os amigos de balada não entendiam minha ausência, me cobravam presença, mas aquele mundo trazia de volta a dor da qual eu tentava me libertar. Eu queria estar perto deles, mas não queria mais viver aquela realidade. Sem falar que uma hora eles iam descobrir que eu tinha mudado, não daria pra esconder pra sempre meu relacionamento com Jesus.

Sim, no Cursilho eu me converti. Decidi que queria viver aquele amor plenamente, que queria Jesus em minha vida. Eu só não sabia como seria difícil assumir isso. As piadas, a rejeição, a ridicularização, os comentários jocosos. Tudo isso me fazia balançar... Mas eu tinha que tomar uma decisão e essa decisão tinha que ser minha, só minha. Olhei pra trás, vi aquela mulher ridícula e irresponsável, bêbada, se entregando a homens a quem não deveria nem cumprimentar e tive vergonha, muita vergonha do rumo que minha vida tinha tomado. Foi quando entendi que a escolha já havia sido feita, que aqueles "amigos" eram ocasionais e que já não faziam mais parte do meu presente. É, eu tinha um presente, um presente dado por Deus. E eu queria ser feliz de verdade.

Um dia desses eu ouvi uma palavra sábia que dizia: "uma brasa fora do fogo acaba apagando". Por isso eu corri pro fogo, pra que a brasa dessa paz que preenche os espaços onde antes habitava o vazio jamais se apague. Essa semana eu renovei meus votos do batismo, disse SIM novamente a Jesus e assumi um compromisso diante de uma nova família, minha família em Cristo: a Paróquia Anglicana Emanoel.

O que eu posso deixar aqui como testemunho de vida é que, quando eu me acreditava livre, era quando eu mais prisioneira fui... Prisioneira de maus hábitos, de atitudes destrutivas contra mim mesma. As pessoas que me viam sorrindo, e cantando, e dançando em meio às bebedeiras costumeiras, não estavam ao meu lado quando eu acordava chorando e sofrendo, sem entender o que havia de tão errado na minha vida. Quem bebia comigo, não sabia do vazio e da dureza do meu coração. Coitados, acho que mal compreendem o seu próprio vazio.

Há mais ou menos um ano atrás eu fui resgatada da lama. Deus, me libertou de todas as correntes que me aprisionavam e me fez, suavemente, enxergar que eu estava destinada a muito mais do que àquele sofrimento constante no qual eu vivia. Pela primeira vez na vida eu fui realmente livre! Jesus me deu escolha, me deu uma alternativa. E eu escolhi ser feliz.

Não é um conto de fadas, ainda tenho problemas de todos os tipos na minha vida. A diferença é a maneira como lido com os problemas que tenho. Entreguei minha dor e meu coração vazio a Deus. Ele me devolveu um coração renovado, em paz e cheio de alegria. Já não preciso de estímulos externos pra me sentir feliz. Minha felicidade vem de estar em Deus, vem da presença cotidiana de Jesus em minha vida. Hoje eu sou um vaso novo. Decidida a me tornar instrumento do Senhor, para cumprir qualquer missão que ele designar pra mim.

Tem uma música que cabe perfeitamente no fechamento desse desabafo e retrata como me sinto hoje:

Eu, eu, eu, eu quero é Deus...
Não importa o que vão pensar de mim,
Eu quero é Deus!!!

"E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas." (2 Coríntios 5:17)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Você é livre?

Ultimamente eu ando ouvindo muito essa palavra: LIBERDADE. Mas tenho percebido também que ela esconde em si diversos significados e nuances. Então eu lhe pergunto: você é livre?

Bom, pra responder essa pergunta temos primeiro que chegar a um conceito, né? O que é LIBERDADE afinal de contas?

Já estou ouvindo um coro a gritar: "liberdade é poder fazer tudo o que se quer..." Bem, se é isso, então, a liberdade é uma utopia. Ninguém pode fazer tudo o que quer. E eu nem estou falando de lei, estou falando de PODER mesmo. Por exemplo, se você agora nesse momento, quisesse dar uma voltinha em Paris pra relaxar, você poderia? E você que é apaixonada por aquele cara que não tá afim de você, e quisesse ficar com ele pra sempre a partir de hoje, e aí, rolava? Ah amados... Não não podemos tudo o que queremos. Isso é fato!!! Então, esse conceito já morreu!!!

Eu já acreditei que ser livre era, simplesmente, ter o direito de me embriagar quando quisesse e ter liberdade sexual, já que "meu corpo me pertence e ninguém tem nada a ver com a minha vida..." Vivi sobre a égide desse engano por alguns anos e sofri todas as consequências de minhas atitudes. A pior delas, vou lhes contar, foi assistir, sem nada poder fazer, ao endurecimento do meu coração. Me vi rodeada de pessoas tão superficiais e fragilizadas quanto eu, vi de perto um mundo de verdades distorcidas, onde o errado é certo e o certo é careta e chato. Tudo isso em nome do que eu acreditava que fosse liberdade. Não, liberdade também não é isso...

Também não acredito que seja livre aquele que diz o que pensa, mesmo que ofenda ou machuque terceiros. Poxa, definir liberdade é difícil, né? Venho tentando há anos, sem sucesso. rsrsrsrsrs...

O último ano, foi um ano de muitas mudanças em minha vida... A crise na qual havia entrado há anos atrás começou a se resolver... minha cabeça, que tinha dado um nó, ensaiou voltar pro lugar... Meu coração, aprisionado no concreto que levantei em torno dele, começou a querer bater de novo... E eu mergulhei num processo profundo de mudança que me fez reemergir mais livre do que nunca... Sim... foi quando eu me dei conta, a liberdade é um sentimento, é abstrata, não dá pra conceituar, tem que sentir...

Bom, vou mudar a minha pergunta, então: você se sente livre?

Se você sai e bebe até cair, mas no outro dia acorda se sentindo mal, achando, lá no íntimo, que fez algo errado... não, você não é livre... Se fosse, se sentiria muito bem com a situação...

Se você faz sexo com quem quer, mas depois do sexo sente um vazio enorme uma vontade de chorar de fugir dali... Não, você não é livre.. Quem é livre não sente remorso!!!

Se você é casado ou casada e trai sua companheira e seu companheiro, mas lá no fundo se envergonha disso ou se questiona se tá certo mesmo ou não... Não, você não é livre!!! Se fosse, se sentiria feliz com sua atitude...

Quando a gente é livre, quando a gente se sente livre, todas as nossas ações são voltadas para o que proveitoso para nós e para os que nos cercam... Quando se é livre, não se tem remorso, pois você age sempre dentro dos limites daquilo que acredita ser certo. Você é dono do seu sim, mas também é senhor absoluto do seu não!!! Quando se é livre de verdade, você não se envergonha das decisões tomadas, das escolhas feitas, simplesmente, porque você sabe que está fazendo o que QUER e o que você quer é o melhor pra você...

É assim que eu me sinto hoje: totalmente LIVRE. Conquistei uma paz imensa de viver, renovei meu espírito, quebrantei meu coração, simplesmente aprendendo que ser livre também é dizer não... Não pras coisas e pessoas que não lhe acrescentam; não pra tudo o que pode ser danoso para o seu corpo e sua mente; não para o que pode lhe machucar e/ou machucar os outros; não para tudo aquilo que lhe tira o senso e o controle das ações.

Ah, também essa liberdade traz suas consequências, mas elas nunca são negativas.

Eu vi se afastar de mim muitas pessoas que eu acreditava serem amigas... Mas, no frigir dos ovos, eu não perdi nada com isso. Os amigos que permanecem ao meu lado e os amigos que tenho feito nesse novo caminhar, são os que somam alegria à minha vida... Todo o resto, tudo o que era, mas não é mais eu quero mesmo é que vá ficando pelo caminho, pois aquilo que não faz bem, faz mal sim... E eu sou livre o suficiente pra só querer pra mim aquilo que me faz bem!!!

E então, você é livre ou não é?


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Intensidade...

Eu sempre tive essa estranha mania de forjar paixões... Eu precisava estar apaixonada pra me sentir feliz, então catava qualquer possibilidade de montanha-russa emocional e aceitava como possibilidade de amor verdadeiro...

Ah, e como eu trabalhava pra transformar a fraude em algo real... Me lembro de certas vezes que criei verdadeiros personagens para vestir o outro, sem nem saber se ele queria participar de meu devaneio. Nessa brincadeira, transformei sapos, dragões e outros bichos crequelentos em verdadeiros príncipes encantados. Sempre tive essa verve artística... rsrsrsrs... Nem sei porque não me dediquei ao teatro, teria me dado bem...

O fato é que construía histórias e personagens tão bem alinhavados que as pessoas, por um bom tempo, acreditavam no enredo... Quando eu cansava de sustentar o castelo nos meus ombros, largava tudo de vez e deixava o conto de fadas ruir... O pobre do príncipe voltava a ser sapo e, no mais das vezes, saía magoado com isso... Ah, claro que eu também me magoava... Acho que ninguém sofria mais nessa brincadeira do que eu mesma... Pois quando me lançava na fantasia criada, me lançava de verdade, intensamente, acreditando muito mais na ilusão do que qualquer outro envolvido... No entanto, embora a novela fosse muito bem escrita, o retorno era um vazio imenso, uma frustração avassaladora... E eu sofria com a mesma intensidade com que havia vivido aquele amor forjado...

E nessa montanha-russa amorosa, eu me enrolei por longos anos de minha vida, sem conseguir entender por que cargas d'água minhas relações nunca davam certo!!!

Ah, mas a racionalização do problema não veio assim tão facilmente não... Primeiro eu cansei de escrever novelas mentais... Era exaustivo demais convencer o outro a entrar na minha fantasia... e frustrante demais, cair na real meses depois e aceitar que nunca havia sido verdadeiro... Por pura preguiça, deixei pra lá... Saí da montanha-russa e me lancei no tobogã... Minhas relações, se assim as posso chamar, duravam o tempo exato e causavam as mesmas sensações da descida relâmpago no escorrego gigante!!! E lá se foram anos de tobogã...

Foi quando, num cursilho de cristandade, tive um dos mais fantásticos encontros comigo mesma e com Deus... A partir daí, uma série de transformações profundas começaram a acontecer na minha vida... em todos os setores dela... E, finalmente, eu entendi... Tava faltando calma... Tava faltando esse prazer apaziguante de estar comigo mesma... de me sentir inteira... Tava faltando EU!!! Tava faltando Deus!!!

E foi assim que, me encontrando, pude olhar pra ele - o candidato à próxima fantasia - e perceber que, apesar de todas as possibilidades, meu coração não dispara quando ele se aproxima, nem meu estômago se enche de borboletas, como eu costumava fingir... e a saudade que eu gostaria de sentir se esvanece à primeira distração... Um dos raros momentos em minha vida, em que cérebro e coração concordam: NÃO É ELE!! E o melhor a fazer é seguir adiante, de mãos dadas comigo mesma e com Deus. porque sentimentos rasos e forjados não preenchem a vida de ninguém!!!

Eu agora só quero se for de verdade!!!!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Mais amor, por favor...

Nesses últimos dias o mundo assistiu a um atentado terrorista contra a sede da revista francesa Charlie Hebdo, onde doze pessoas foram assassinadas a tiros e outras tantas saíram feridas. A comoção foi imediata. O mundo inteiro se tornou "Charlie". Os islâmicos se tornaram o alvo do ódio dos comovidos com o atentado. Sim, vocês leram corretamente: islâmicos, e não terroristas. As implicações políticas de tal episódio são muitas e enormes, mas não me interessam nesse momento. Aqui, a reflexão que quero levantar é outra!!!

Pra início de conversa, que fique claro que sou contra qualquer ato de violência, física ou não física. Sim, terroristas, assassinos, sequestradores, estupradores, opressores, todos eles devem ser punidos. Mas paremos pra pensar...

O caso específico da Charlie Hebdo me aponta dois grandes sintomas dos tempos que estamos vivendo: a ausência total de respeito e a generalização irresponsável. Os chargistas da revista citada costumam aplicar seu humor (se assim se pode chamar o que fazem) contra determinadas religiões: o cristianismo, de maneira geral e o islamismo. Não sei se por coincidência ou não, mas não há charges contra judeus. São sempre desenhos agressivos e depreciativos, envolvendo divindades e/ou símbolos importantes para os seguidores das religiões agraciadas com tal humor. Eles chamam isso de liberdade de expressão. Eu me pergunto se eles reagiriam positivamente se a liberdade de expressão de outros ferisse suas crenças (religiosas ou  políticas).

Mas eu não enxergo o fator Charlie Hebdo como exclusividade da imprensa, nem da França... Vejo falta de amor ao próximo e desrespeito por todos os lugares onde ando... Vejo pessoas se agredirem gratuitamente... Vejo o ódio e a intolerância serem propagados e estimulados como sentimentos legítimos numa coletividade... Novelas, políticos, pastores, imprensa... Tenho a impressão que estamos vivendo um cataclisma social, um retorno à barbárie... Saio de casa todos os dias me perguntando se é hoje que verei pessoas na praça, aguardando o carrasco enforcar o próximo judas... Só falta isso...

E não me refiro só ao Brasil não... É um fenômeno mundial... Não me admira que tanta gente (aqueles que se recusam a se entregar ao delírio da turba) venha procurando Deus. É um grito por esperança, a necessidade de acreditar que há salvação pra essa miséria humana.

Me dói o coração escutar que não importa a quem eu machuque, vai ter sempre alguém pra achar engraçado o meu desrespeito (e tem mesmo!!)... Eu me encho de tristeza quando assisto pastores, que deveriam pregar a palavra de Jesus, palavra de amor, paz, tolerância e aceitação, professando o ódio e a perseguição, insuflando os que neles crêem contra outros cidadãos, pelo simples fato de adotarem estilos de vida diferentes...

Porque, na minha humilde opinião, a banalização do humano nasce no micro, na forma como me relaciono com as escolhas alheias e isso se aprende, primeiro, em casa (ou se deveria aprender)... Ok, ok... Há toda uma questão política, financeira e social envolvida aí. Mas isto só reforça a minha tese de que tudo nasce no micro. Tá faltando amor e valores positivos dentro dos lares. Uma pessoa que chega aos mais altos patamares do poder em seu país, se veio de uma estrutura micro (família, escola) onde a aceitação, tolerância, respeito e amor eram vívidos em seu cotidiano, jamais pediria a pena de morte para crimes cometidos por este ou aquele povo. Um jornalista, chargista ou humorista, criados sob a égide do amor e da tolerância, jamais mentiria pra manipular, jamais humilharia uns pra divertir outros, jamais usaria de desrespeito com este ou aquele grupo, independente de concordar com eles ou não.

A criminalidade e o tráfico são frutos das desigualdades sociais, né? Então, por que na mesma favela uns se entregam às saídas ilícitas, enquanto outros seguem, lutando pela vida de maneira honesta, mesmo com todas as dificuldades? Porque essas escolhas se faz no cenário micro...

Falta amor, sim... Falta respeito, sim...

Na hora da novela, pare e pense quadro a quadro, que valores estão entrando em sua casa, que verdades aquela porcaria está ensinando aos seus filhos... No dia em que cada mãe fizer essa reflexão, muitas Tvs serão desligadas, como a minha foi.

Falta amor, sim... Falta respeito, sim...

Aí vc vai me dizer que a culpa é do Estado que não investe em educação e blá blá blá... E eu vou repetir, tudo nasce no micro... Um Estado formado por seres humanos, criados na batuta dos bons valores, do respeito, da empatia, jamais deserdaria os cidadãos que neles confiassem...

Falta amor, sim... Falta respeito, sim...

Eu não tenho como chegar às pessoas que hoje odeiam os islâmicos, por conta do recente atendado terrorista (sim, islamismo e terrorismo não é a mesma coisa!), e fazê-las entender que tá faltando amor... Eu não tenho como atingir o coração dos extremistas responsáveis pela chacina daquelas crianças lá na África... Eu não tenho braços tão compridos que alcancem os políticos ou falsos pastores do mundo todo... Mas se uma só pessoa ler esse texto e decidir que, a partir de hoje, vai tentar se colocar no lugar do outro antes de qualquer palavra, antes de qualquer ação eu saberei que plantei a sementinha do amor e do respeito em, ao menos uma pessoa... e uma pessoa amando mais já é um bom começo!!!

Então pensem nisso: falta amor, respeito, tolerância, aceitação... E esses sentimentos podem ser plantados em quaisquer corações... Vamos então começar por nós mesmos e por nossos filhos? A gente chega lá... Eu creio...

Mais amor, por favor!!!