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sexta-feira, 22 de maio de 2015

Vamos limitar nossa intolerância?

Uma conversa com amigos e um link enviado por um deles me levou a refletir, esses dias, sobre como estamos nos tornando cada dia mais intolerantes e obcecados pelos conceitos de privacidade e individualidade. Vou explicar melhor...

Éramos 5 pessoas conversando sobre um assunto específico quando, sem ter porque, o tema 'grupos do whatsapp' entrou em debate. De repente todos reclamavam de como certas pessoas são inconvenientes, enviando mensagens fora do horário comercial, entulhando os grupos com lixo ou publicações que não condiziam com o tema do grupo. Estávamos realmente bravos com isso tudo. Sabe aquele sentimento de privacidade invadida? Então, era tipo assim... "Ah, quando eu vi tal publicação, chamei a pessoa na grande e disse umas verdades..." E todos concordavam, é, muito chato mesmo isso... Há que se ter limite... Sim, assentimos todos, há que se ter limite.

Dias depois um dos amigos me mandou um link para um texto muito esclarecedor: "13 coisas que você nunca deve fazer em grupos de whatsapp.' ´Pronto, ler esse texto foi o suficiente pra me fazer reavaliar todo o meu comportamento diante do mundo e entender o quanto estamos nos tornando, cada dia, mais intolerantes e mal-humorados, em defesa dessa tal de "privacidade".

Sim, eu sou extremamente autoreflexiva e tenho essa mania quase obsessiva de avaliar as minhas atitudes quando encontro no outro uma atitude que não me agrada. E que susto tomei eu descobrir o quanto tenho sido pouco Cristã por toda a minha vida.

Tá certo, há que se ter limites... Mas, vamos começar a limitar os limites também, senão acabaremos, todos, nos tornando ilhas humanas. Há que, antes de tudo, se impor limites a nossa intolerância. Comecei a analisar especificamente o caso do whatsapp. Por que me irritam tanto as mensagens fora de contexto de certos colegas? Em que elas me ofendem ou me perturbam? Todos os meus grupos são silenciados e o meu whatsapp é programado para não fazer download automático de nada, nem imagem, nem vídeo, entram na memória do meu celular sem a minha autorização. Além do mais, eu deleto todas as mensagens e limpo todos os grupos regularmente. Já é rotina pra mim. Diante disso, qual o problema de ter amigos que enviam lixo todo dia? Me afeta em que? Me prejudica em que? Pois é, não me afeta em nada, não me prejudica em nada.

Aqui, nesse momento, cabe um reflexão um pouco mais profunda: então, porque eu me irrito e me aborreço com isso?

ALERTA VERMELHO!!!

É, assustou-me perceber que eu estava sendo, apenas, totalmente intolerante. Nunca, nenhuma vez parei para pensar nos motivos daquelas pessoas enviarem mensagens "inconvenientes". Tá, tudo bem, digamos que certas pessoas são sem noção e ponto. Mas, não seria mais cristão de minha parte utilizar aqui um pouco de empatia? E se aquilo demonstrasse uma fragilidade da pessoa? Necessidade de aceitação e aprovação, ansiedade, carência, solidão... Poxa, como me senti culpada, logo eu que vivi momentos tão difíceis de angústia e solidão estava sendo insensível e intolerante com o outro. Fiquei muito triste comigo mesma... E foi então que o alerta vermelho começou a piscar e a alarmar com mais força.

Comecei a me lembrar das vezes que coloquei o fone no ouvido pra evitar a conversa da pessoa inconveniente que havia se sentado ao meu lado no ônibus e que insistia em me contar a vida dela... Das ligações que não atendi, pra não ter que suportar as lamúrias daquela amiga que passava por um período difícil... Das desculpas que já dei pra me desvencilhar de convites de cafezinho ou lanchinho daquele amigo solitário que quando começa a falar não pára. Como tenho evitado os que estão tristes e deprimidos e, por isso, passam a ter atitudes "inconvenientes".

Quando dizem que gente feliz não incomoda, é verdade. Gente feliz não incomoda porque é egoísta demais... Gente feliz, às vezes, se perde na própria felicidade. Mas a felicidade é um presente de Deus. Presente de Sua misericórdia. Devia nos inspirar a compartilhar e dividir, já que recebemos de graça!!!

E foi assim que, um simples papo sobre whatsapp, me levou a descobrir como venho falhando com Cristo. Mas, que bom que essa conversa aconteceu, agora eu posso rever minhas atitudes, me aborrecer menos com as pessoas, me colocar no lugar delas e tentar ser mais receptiva às suas necessidades e dores, afinal eu já estive lá, já vivenciei o vazio e a solidão, já senti desespero, já chorei sozinha, por isso eu sei exatamente como ajudar: basta ser tolerante e amoroso. Acabei descobrindo porque, mesmo sem merecer, recebi de Deus a cura para as dores da minha alma: ele me quer sorrindo, sorrindo pras 'inconveniências', sorrindo pros 'excessos', sorrindo pra 'falta de noção' das pessoas que precisam apenas que eu as aceite assim, como elas são, e que precisam de meu sorriso pra aprenderem a sorrir também...

E, por fim, foi bom lembrar que, amanhã ou depois, posso ser eu, novamente, a pessoa inconveniente, que manda mensagem fora do horário comercial, que puxa conversa na fila do banco ou no assento do ônibus, que faz visita sem avisar. E tudo o que eu vou querer é receber um sorriso e um bocadinho de tolerância com a minha dor e com os meus déficits. Então, é isso que vou aprender a dar.

Jesus nos deixou um manual para uma vida em paz. E por mais que a gente leia a Palavra diariamente, por mais que a gente repita o que lê, parece que não conseguimos inseri-las no nosso agir. Mas eu quero tentar... Chega de intolerância, chega de me aborrecer por tão pouco, chega de me sentir incomodada por nada. Eu, que falo tanto em amor, preciso aprender a amar também!!!